ESTÁTUAS DE SAL

Quem de si sabe algo na longa viagem para que possa,
Em algum ponto qualquer, parar e contemplar as férteis terras,
E nelas lançar, com alguma razoabilidade, sementes que possam
Florescer sob as sombras invisíveis de olhares suspeitos?

E quem pode fazer alguma morada sem medo do forte vento,
Que sopra indigente por todo lado como que a penetrar a alma,
Em belos e altivos terrenos, promissores de alguma contemplação
De um sonho qualquer, mas solidificados em seus próprios egos?

As águas, ensangüentadas, teimam em espelhar paradoxalmente,
Com a pálida luz que as toca, ao mesmo que a oferece de beber,
Como fonte pura, sibilando na volúpia dos enlaces,
E no matrimônio das frágeis e indigentes imaginações dos viajantes.

Fora todos vêem santuários de amores pré-definidos,
Em meio a magníficas sinfonias sem notas musicais,
Ritmando o compasso da vida travestida em prata,
E perpetuada no dourado do sempre porvir.

Estranha e trágica cena.

Dentro não podem ver que, da estátua posta entre alvos lírios,
Sobre a grama orvalhada, há açoites severos contra a própria face,
E há delírios dilacerantes que ecoam no íntimo do ser,
Perpetuando em sussurros que não se podem ouvir nem sentir.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 07/11/2012
Reeditado em 07/11/2012
Código do texto: T3974057
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