PLEITEIO


Pleiteio, em minha sanidade incompreendida aos olhos teus,
o direito de apenas sonhar te amar sem palavras ou sorrisos,
sem juras de amor cuspidas dos lábios ou promessas de além-mares,
e sem que te exponha a hemorragia interna que me consome.

Não sei, nos extremos meus, qual o limite entre o homem e o monstro que me habitam.
Se me firmo os pés presos ao chão, homem sou crucificado pela terra,
condenado a rastejar em desejos amargurados e a me acovardar perante a carne.
Se me dou asas invisíveis, derrubo a razão, e no vôo imaginário e intangível,
vou me matando aos poucos na ilusão e, comigo, levo-te à fria cova sepulcral.

Não sei, nos extremos teus, qual o limite entre a mulher e a imaculada.
Se te firmo os pés ao chão, mulher te vejo e te crucifixo à terra,
condenando-te a negares dos desejos que te inflamam e a te acovardares perante a carne.
Se te dou asas invisíveis, faço-te em mim minha senhora, e no meu vôo imaginário e intangível,
por incompreensão tua e incapacidade minha, mato-te e vou contigo à fria cova sepulcral.

Mas como não sou capaz de ser nem só homem, nem só monstro, mas uma tormenta
zunindo ao teu ouvido ora a ternura dos amantes, ora os brados que te enlouquecem,
por que haveria eu de ousar saber de ti e de contigo partilhar o amor dos sonhos meus,
ou de comigo escorregar pelo tempo, em dor, no mesmo leito eterno de minha loucura?

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 13/11/2012
Código do texto: T3984554
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