RASGO PALAVRAS ROUCAS

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O vento caía no precipício.

Fundo, fecundo, moribundo...

a queda não foi meramente trágica

sorvia uma beleza ainda inacabada.

A lágrima da ostra rolou.

Pensei..

Por que ferruginosa vara

crava o coração

verde luz

deste planeta azul?

Por que a terra seca

rasga palavras roucas

incendiando o

pulmão?

Que paradoxo seria este

Que mostra crueldade

Mas ao mesmo tempo..

Grandiosidade..

Incomensurável..

O ar no mel

de abelhas

nascido

da flor..

Sou Lâmina fina

que atravessa dor,

refaz-se

e lambe sorrisos

no bico do beija flor.

A brutalidade sorvida pela seiva

Transformando vento em brisa

Tocava perfume e delicadeza

O que um dia disse Breton:

"A beleza deve ser convulsiva - ou não será beleza".

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Poema em parceria Ivy Gomide & Michele Sato

Ivy Gomide
Enviado por Ivy Gomide em 03/03/2007
Código do texto: T399466