RASGO PALAVRAS ROUCAS
.
.
O vento caía no precipício.
Fundo, fecundo, moribundo...
a queda não foi meramente trágica
sorvia uma beleza ainda inacabada.
A lágrima da ostra rolou.
Pensei..
Por que ferruginosa vara
crava o coração
verde luz
deste planeta azul?
Por que a terra seca
rasga palavras roucas
incendiando o
pulmão?
Que paradoxo seria este
Que mostra crueldade
Mas ao mesmo tempo..
Grandiosidade..
Incomensurável..
O ar no mel
de abelhas
nascido
da flor..
Sou Lâmina fina
que atravessa dor,
refaz-se
e lambe sorrisos
no bico do beija flor.
A brutalidade sorvida pela seiva
Transformando vento em brisa
Tocava perfume e delicadeza
O que um dia disse Breton:
"A beleza deve ser convulsiva - ou não será beleza".
....................*****....................
Poema em parceria Ivy Gomide & Michele Sato