O ronco

O Ronco

Finjo elegância nos ônibus

que vomitavam fezes verdes fritas

na rodoviária Pão-de-açúcar de meus sonhos.

Oxiúros verdes e amarelos entram e saem dos frios savanas

do planalto central do meu corpo;

paulicéia desvairada que não é São Paulo, que não é Rio.

Finjo a dor realmente pra fingir

Sou eu quem urra nos poliedros desta cidade

– não é fingimento.

Tudo aqui chega tarde: os ônibus, a rodoviária, os sonhos, a sarça elétrica.

Porque aqui não é Rio, não é São Paulo.

Fabiano Vale
Enviado por Fabiano Vale em 05/08/2005
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