Espectro de si mesmo

_Ah, estreita passagem!

(gritam os raios daquele sol)

Em paralaxe o riso seduz a ausência

alinham-se os passos...

contraem-se os ponteiros dos meus sonhos

elevam-se os descaminhos,

beijam-se as coordenadas da agonia

Mastigam-se os sons encrespados da noite fria

Os teus tegumentos visitam o meu espelho...

Num espasmo pontilhado o corpo esvazia

ruminam histórias entre os grãos de areia

que correm dos nossos pensamentos

Um cheiro de terra sonolenta acorda os meus pés

Disfarço-me, refaço-me...

E conduzo o abismo que me espera

nas acontecências de outro dia

Reverberado no grito da cômica nudez

lâmina espreguiçada na desesperança

Deleitados, singramos encantados...

aos mares sem promessa, enganamos o tempo

percorrendo o labirinto que vibra no céu das nossas bocas

Somos inteiros no nosso desassossego

metades nos nossos anseios...

fragmentos da nossa mágica inquietude!

Seilla Carvalho
Enviado por Seilla Carvalho em 23/01/2013
Reeditado em 30/08/2023
Código do texto: T4099742
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