Viviam a grega herança

Derivavam em flores de jasmim nas palmas

abertas do sorriso plantado no jardim.

Tinham dos bronzes, cambotas, veios, matizes.

Das plúmbeas Violetas todas os tons e igualmente

o aveludado modo das pétalas dos Narcisos.

Imprecisos, brotavam em orgânicas esperanças

dos erectos cachões de espuma, de dentro da

bruma de verdes vagens, elevando-se em

borbotões. Novelos e castelos, elevam-se altaneiros.

Dos amantes retinham turbinas pungentes de luz,

movidas no suor, no olor e no vapor.

Emergiam na noite dos sentido, no louvor e na glória,

ataviados em coroas viçosas recolhidas na arena,

qual poderosos gladiadores.

Viviam a grega herança, velejando à bolina, erguendo

Em côncava taça a lembrança de sinópticas velas troianas.

Eram músicos, jograis, vates, cantadores, trovadores,

poetas, de um tempo fora do tempo. Almas ciganas.

Eram apenas Albatrozes, simplesmente Gaivotas,

na busca das suas rotas, despertas na graça imensa

dum incessante bater de asas.

Eu? A louca, louca, que os observava nos bolores

de uma vidraça ...

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 14/03/2007
Código do texto: T412067
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