Odisseia dos lúcidos
Como água, escorro pelo mundo
Sem rumo ou ritmo certo
Apenas continuo seguindo
Por entre ventos e correntes sem fim
Em busca de emoções inumanas
Pois humano não sou
Não mais.
Em um mundo concreto, não vivo
De esperanças surreais me alimento
Como as meras fantasias de uma criança
Sem as máculas de sua verdadeira crônica.
Uma criança imatura
Que não entende a beleza
Da hipocrisia de crescer.
Por que é tão errado viver
Em um campo tão brilhante como prado?
Por que é tão blasfemo almejar àquela que anseia?
Não seria algo divino
Amar até mesmo no escuro.
Se tal sentido é realmente falso
O que seria real?
Viver na luz apenas para dizer que sou iluminado?
Minhas inúteis filosofias estão, todavia, atentas
Ao tão alheio futuro e seus paradoxos
Como quem de seu céu pode ver a janela
E o mundo através dela
Descobrindo assim
Que para viver terá que deixar de voar
Ou fingir ao menos.
Talvez o melhor seja brutalizar minhas asas
E andar instável com meus pés como todos desejam
Talvez o melhor que eu possa é calar-me
E esperar minhas palavras morrerem
Enquanto aguardo a comum
E superficial felicidade me conformar.