NINGUÉM É NINGUÉM

Caem-se as máscaras

um grito ecoa frio, espesso.

Há fim e não recomçeo.

Passeio entre vultos incandescentes

Ouvem-se olhares ruidosos...

O verde da parede me causa azia.

Corro de mim mesmo

com a esperança de me encontrar.

Encontro desilusões.

Olho para o horizonte em busca do que não existe.

Acho que não existo também, apenas finjo existir.

Sou um ser que não é ser.

É saber.

Olho o mundo e o sinto mesquinho.

Tudo que nele encontro é amargo.

Viver dói.

Grito!

Ninguém me ouve, ninguém percebe.

Afinal...

ninguém é ninguém.

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(*) parte do conto surrealista - Atrop)

Flávia Martin
Enviado por Flávia Martin em 30/03/2007
Código do texto: T430957