Vagalume lanterneiro









Vagalume lanterneiro

Caia a noite negra sem estrelas,triste agonia,
Insanos delírios assaltaram,torpes,minha mente,
Ah!Como fugir do vazio,da treva,juro,não sabia!
Contudo,algo secreto, se movia do alto,tão inocente...

Aguçava a visão ,embalde,meus olhos eram raseiros,
Súbito, brilho de gentil estrelinha alumiou o caminho,
Qual astro,qual nada,acudiu-me vagalume lanterneiro!
Que,tateando sobre a mata,encontrou-me,pois, sozinho.

Empostando fina voz,falou-me,assim, delicado jeito:
“Deixei minhas pegadas sobre rubras corolas das flores,
Mas,com o tempo,a chuva deixou,enfim, tudo desfeito,
Ainda,hoje,procuro perdida querência de meus amores”

Entendi,então o que sentia,assim,o meu alado amigo,
Nada conservara,nem uma lembrança,tosca imagem...
Qual demente em desatada loucura,destruindo abrigos
Procurei a amada enfeitiçada ou,ao menos,sua miragem.

Ah!O que,deveras,senti,fundo n’alma,enfim,não nego,
Quando o vagalume lanterneiro,clareando negro vulto
Descerrou o fino véu àquela a quem sempre fora cego!
Ah!Que desvendara a secreta razão deste mal oculto !

O pobre vagalume lanterneiro partiu a destino incerto
Mas,antes,num longo suspiro,segredou-me,assim,então
“Ouçam estrelas queridas”:Ai!Que,a valer,nada sou!”
Os astros comovidos,deitaram chuvoso pranto d’emoção

Quando,hoje, contemplando longe,infinito derradeiro
Percebo feliz cintilar na via Láctea iluminada
Tornara-se estrelinha o vagalume lanterneiro!
Saudade do alado amigo,que devolvera a amada!