Dentro de um minuto

São eternos os encantos

Enquanto os pássaros cantam

Ouve-se música erudita

No singular verbo do inteiro

Sente-se sozinho o jardineiro

Que tanto plantou no lugar

A menina não para de sonhar

Enquanto a senhora já cansada de saber

Fita o infinito sem querer

Em busca do tempo perdido

Ou talvez quem sabe do segundo

Primeiro segundo que ainda cabe

Na solitária guitarra do cantor

É amor que cabe no próximo segundo

Fantasia da realidade tão obvia

Sem pudor a lagarta despe o couro

Lança-se em asas ao ar livre

Como livre é quem passa pela menina

Que também sem correntes segue

Quebrando assim o sono leve

Que a fazia dormir sem conhecer

Um todo segundo lá fora

Naquela mesma eterna hora

Da hora que se pediu

Foi atendida a senhora

E agora tinha segundos de presente

Sem saber o que fazer do tempo

Chorou, pediu e implorou

A alguém que passava tão errante

O que faria com o tempo ganho?

Pra onde, direção ou tamanho?

Ninguém respondeu e ela chorou

Até que a menina chegou bem perto

Disse que teria descoberto

Um tesouro ali adiante

Seria um mundo bem distante

E as duas seguiram em frente

Caminham até hoje sem saber

Da estrada que encanta e faz sofrer

Mas sem querer parar pra pensar

Já são as duas pessoas uma só pessoa

E embora a estrada não termine

É assim que a história voa

Nas asas daquela borboleta

Que ganhou o céu e foi embora

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 29/07/2013
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