Solidão consentida

Passo as horas meditando

Porque a solidão me abandonou

Estou por acaso assim tão esquecida

Que de mim nem quer saber a dor?

Onde estão os poetas de agora

Não encontro mais com um a vagar

Estão nos bares da vida entediados

Ou estão cansados da musa procurar?

Quero a noite, as estrelas, a lua.

Quero vestir novamente as letras que me cabem

Não sou mais a menina que foi tão sua

Nem me conhecem mais os que me sabem

Que se aproximem também as dores e esquecimentos

Quero fazer coleção das angústias doloridas

Quero construir um muro de lamentos

Em mim concentrar todas as feridas

Preciso da parte que me cabe

Aquela que ninguém mais quis

As sobras dos amores perdidos

Os trocados da meretriz

Se em mim depositei as perdas do que não tive

Também enterrei a ternura que me restou

Vem solidão parceira, senta aqui não me evites.

Chegue perto e veja quem de fato eu sou.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 29/07/2013
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