CIRCUNSTÂNCIAS

Queria olvidar meus devaneios perenes
pelos reinos das flores e dos girassóis,
onde tantas vezes queimei minha pele
e adoeci minhas tênues quimeras.

Por isso retornei ao naufrágio perdido
das noites onde aspergíamos escombros
nos enlaces encantados das palavras.

Não repares
este sorriso com lágrimas silentes,
venho de uma longa caminhada
onde lendas regozijavam seus lumes ubíquos.

Não me perguntes o que fui fazer lá,
pois o silêncio dos mortos ainda singra em mim,
vertiginando-me em ásperas reminiscências do desalinho.

Pois tu não sabes que a maior angústia
não foi andar entre vultos florescentes,
mas perceber neles o espelho
que refletia meu cerne espúrio.

Apenas me estenda a mão,
por um momento que seja,
e me afague o corpo cansado,
que ainda estou com os pés feridos
das pedras de tropeço,
e com os sonhos desvanecidos
das oferendas ominosas.

E, se puderes, roga a teu deus
para que amenize minha angústia,
porque, por falta de raiz,
estou a levitar entre brumas
na dissimetria de meu próprio ser.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 25/09/2013
Reeditado em 25/09/2013
Código do texto: T4496854
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