Homem a Sós
Falava o homem com o mar, a sós.
Havia uma luz difusa sôbre o mundo
Que a água amanhecida respirava.
Longe no azul, a lingua das ondas
Limavam o descansar do praierio.
Nascia o horizonte. Brandamente
O homem falava coisas com o mar,
Coisas de sempre, verde, negras,
Como a rubrica em neve, e asas de aves.
Entrou no mar. A água, mansa,
Lhe subiu por cima dos ombros;
Ali gemeu, gritou e levantou os braços
Fazia um céu de nuvens cinzas.
Logo voltou à orla lentamente;
Trazia entre as mãos uma madeira
E as algas cobriam os seus sapatos.
2007/04/16