A soma do nada

Para quem vive roubando os minutos

Brincando com os seus próprios sentimentos

Tragando veneno puro ao sair por aí distraída

Fica a certeza de que os espinhos nascem primeiro

A cura do imenso derrame de dúvidas vai chegar

Aí o vazio se instala e tudo volta ao normal

Mas sem dor não dá mais para ficar, viver

Sem dor é tudo um marasmo, um oceano sem ondas

Uma estrada sem curvas parece tão óbvia, clara

Prefiro colecionar minutos sobrados, sem donos

Minutos que ninguém quis ou deu valor

Minutos que sobram do dia a dia sem graça de alguém

Presente de grego, cavalo de Troia, olhar de Medusa

Inabalável ruptura do que é real, correto, certo

Errar parece tão distante quanto parece invisível o céu

Está logo ali o pecado, alcançá-lo é colher brisa

Então porque esta inevitável leveza me assusta?

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 16/10/2013
Reeditado em 16/10/2013
Código do texto: T4528170
Classificação de conteúdo: seguro