Na sombra do absurdo

Quando perco o juízo é porque já o tive um dia

Se é fantasia ou realidade o problema é sempre meu

Eu crio as situações, embaraços, permissões

Não quero nada disso estampado aqui

Não quero o tempo bom ou ruim, longo ou curto

Só quero o tempo que me cabe assim, inteiro

Não me devolvam a pele que troquei, a roupa que já tirei

Na coxia ainda me espera o texto que nem decorei

Vou ser um palhaço, um arlequim ou só uma voz rouca e fraca

Nunca pretendi ser uma estrela, porque as estrelas morrem e eu não

Tudo o que faço aqui tem um propósito cruel e estranhamente frágil

Um fim real e ainda a ser escrito por algum lunático

E até que ele apareça sigo inventando minha estrada

Construindo minha ponde com nuvens de poeira

Atiçando, dançando, incendiando as bandeiras

Cumpro o destino sutil e ditador, caro e pobre

No entanto, loucos a beira do caminho me seguem

Por toda parte encontro mendigos de amor, de migalhas

Como eu...

Loucos por mentiras, atraídos por mistérios

Como eu...

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 20/10/2013
Reeditado em 24/05/2020
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