Precipício Da Liberdade

no precipício me lancei

sem medo, sem dor,

cantando e dançando...

nem sinto que estou caindo

sinto que estou voando.

abri os braços

enchi o peito dum suspiro

mergulhei de ponta

no vazio de não ter nada

não tinha asas que me salvasse

apenas a liberdade.

não era anjo,

muito menos pássaro

e dos braços, abracei todo este nada...

Em transe, imóvel, dentro da memória

meu ser remexia lembranças, transformava-se,

expurgava emoções, se libertava.

caindo, e dançando

meu corpo numa dança desenfreada.

arranquei do peito com as próprias mãos

Este meu angustiado coração

onde não mais sobrepujem as emoções.

só sei que era a felicidade desesperada

de não ter sobre minha cabeça um teto

- somente o céu de estrelas-

nem sobre meus pés um chão

nem ao lado paredes

qu'eu pudesse por elas desesperadamente

escalar, arranhar com as mãos.

não há nenhuma possibilidade de voltar

pois o precipício é profundo

Como a minha dor e angústias.

e não é à vida que eu quero viver

é a morte de poder renascer.

E só agora vejo as correntes aniquiladas

as cordas estão todas desamarradas

O revólver está descarregado

Só me restou este precipício condenado

Que me deu a chave para a liberdade.

***

Camila Arruda
Enviado por Camila Arruda em 01/11/2013
Reeditado em 27/02/2014
Código do texto: T4552103
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