Um ‘cadinho de Prosa

Um ‘cadinho de Prosa

Aquém este eterno vazio poderia pertencer?

Escondido do que em mim ainda há de prevalecer.

Sim, estou a ponto da discórdia e da raiva angustiante,

Mas há pressa, para um caminho de palavras redundantes.

Eu vou remoendo o tempo para matar a fome,

Mastigando lembranças de quem nem mais tem um nome.

Promessas esquecidas que nem lembro mais,

Ontem era passado e tanto tempo já se faz.

Proibido de mim mesmo a conversar com o nada,

Quantas vozes se ouvem na sabia madrugada.

E todos que jazem em sono aquecidos de cansaço,

Ainda fixado na luz do medo coibido de meus traços.

Sou eu e mais ninguém conta essa história!

Ar tão precioso que aviva a minha memória.

Rebelde e impetuoso por correr na solidão,

Retrato em meu rosto o peso de quem foge da escuridão.

E todos esses infernos que ultrapasso com saltos mortais,

São ações que o futuro não me ensinaria jamais.

Quem estaria louco por confiar em qualquer futuro,

São apenas becos sinistros que param diante de um muro.

Ora, incertezas malditas que figuram o meu coração!

Deixem-me descansar deste mormaço que é a ilusão!

E ontem que é tão hoje acaba tão amanhã se observar...

Engatinhava e por isso hoje caminho para logo rastejar.

Deixe-me sano velhice, me deixe salvo e são!

Deixe-me livre até que eu saiba que nada foi em vão

Victor Cartier

Victor Cunha
Enviado por Victor Cunha em 05/11/2013
Código do texto: T4557154
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.