Temer a vida...




Temer a vida

Ah! Os que temeram a vida estão mortos!
E deixaram,pois, este vasto campo tão vazio...
Porém,em minh’alma brotaram flores no estio,
Que vicejavam ,calmas,entre pedras e despojos.

Não sabia eu se, pouco à pouco,assim,morreria. 
Posto que,esquecido da ventura doce,o que fazer?
Ainda que imolado fosse,sufocado por atroz agonia,
Não corri em debanda ,é o que tenho hoje à dizer !

Percorri sinuosos labirintos em tenebrosa solidão
Quando percebera que,em mim,mudava algo oculto...
Ah!O que,no fundo eu sinto,vibrou forte o coração.
Como descerrando fina teia,surgia um meigo vulto...

“Descansa agora,amigo da tormentosa loucura”!
Ah!Quão terna voz acalmou,afinal,minha alma aflita.
E seres semi mortos,renascidos saíram da clausura!
Legiões peregrinas seguiam  ecos da criatura bendita.

Estava lá sim,eu juro que vi,imenso jardim florido !
Nenhum ,temendo a vida,havia morrido,sutil ventura.
Na profusão de grande formosura abracei o inimigo...
Deus adormecera ,acabara o quadro, a divina pintura! !