A Realidade
Nosso pai nos disse.
E nessa idade os muros da escola
Cobriam suas feridas como um mapa.
Porém foi em outra idade quando aprendemos
Que o homem é o pão diário e a saudação,
Os salários, as ruas e os filhos.
Que é na maioria das vêzes
Fome por êle, e pelos seus também,
Jornal que nunca serve para quatro
Quando cinco sentam a mesa.
Que o universitário chega sempre atrazado
A sua classe, vencido pelos cadernos,
De pão que não se come, de perguntas,
De paredes com quadros, com chaves,
Com humildade e cartas de sua irmã.
Que o homem marcha o dia a dia.
Que luta por dois, come por um.
E onde está a Pátria ?
Que na escura, noite o camponês,
Dêsde o vento rural da invernada,
Grita contra o culpado que até agora
Não sabemos quem é, porém é culpado.
Que o milho, suas criações, seus rebanhos,
Necessitam lutar contra a história,
Capa e espada, geológicamente contra o tempo.
E o que é esta Pátria :
Território distinto e repetido
Habitantes crescendo de seu clima
E também habitantes já sem clima.
Geografia distinta e quase nossa.
Passado quase triste, porém nosso.
2007/04/26