Minha amiga verde

Uma árvore me disse que estava muito triste

Que vivia sozinha a muito tempo

Pois suas irmãs e amigas morreram

Para dar lugar a um estacionamento

Todinho coberto de asfalto e cimento

Ela disse que os automóveis até que são bonitos

Mas nunca conheceu nenhum que estivesse vivo

Eles carregam os homens para todos os lados

Coitados, correm muito para depois só ficarem parados,

Soltam tanta fumaça que eu sozinha não aguento

E você bem sabe que sou eu que te dou oxigênio.

Sombra, frutos, retenho a umidade e outras qualidades

E as suas crianças se divertem nos meus galhos,

Mas os donos dos carros são tão mal educados

Passam todo dia por mim e nunca me cumprimentaram,

Mesmo eu sendo a moradora mais antiga do bairro

Se eu continuo viva, é pela velhinha que me faz carinho

Quando se apoia em mim para subir na calçada

Ela sempre me agradece, eu suporto tudo por ela

Não quero me gabar com o que você já sabia

Nem te pegar para Cristo, isto foi só meu desabafo

Já que você estava aí parado me olhando, me ouvindo...

Eu lhe respondi me desculpe pois um carro eu também tenho

E disse não se preocupe pois eu vou tratar de vendê-lo

E só vou andar à pé, de trem, voando ou de camelo

Você me protege do Sol, me dá muitas flores e tal

É tão linda que dá dó de quem não te apreciou

Eu vou cuidar de você, vou te dar amor e te proteger

Vou espalhar suas sementes e te desejar bem pra sempre.

Eu posso ser ignorante, só mais um plebeu sem cobres

Mas eu reconheço o fato de que tenho muita sorte

De ter os amigos que mereço porque o amor não tem preço.

Minha querida amiga árvore, nem sei como eu te agradeço.

Ricardo Selva
Enviado por Ricardo Selva em 05/02/2014
Reeditado em 13/02/2014
Código do texto: T4678655
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.