Minha amiga verde
Uma árvore me disse que estava muito triste
Que vivia sozinha a muito tempo
Pois suas irmãs e amigas morreram
Para dar lugar a um estacionamento
Todinho coberto de asfalto e cimento
Ela disse que os automóveis até que são bonitos
Mas nunca conheceu nenhum que estivesse vivo
Eles carregam os homens para todos os lados
Coitados, correm muito para depois só ficarem parados,
Soltam tanta fumaça que eu sozinha não aguento
E você bem sabe que sou eu que te dou oxigênio.
Sombra, frutos, retenho a umidade e outras qualidades
E as suas crianças se divertem nos meus galhos,
Mas os donos dos carros são tão mal educados
Passam todo dia por mim e nunca me cumprimentaram,
Mesmo eu sendo a moradora mais antiga do bairro
Se eu continuo viva, é pela velhinha que me faz carinho
Quando se apoia em mim para subir na calçada
Ela sempre me agradece, eu suporto tudo por ela
Não quero me gabar com o que você já sabia
Nem te pegar para Cristo, isto foi só meu desabafo
Já que você estava aí parado me olhando, me ouvindo...
Eu lhe respondi me desculpe pois um carro eu também tenho
E disse não se preocupe pois eu vou tratar de vendê-lo
E só vou andar à pé, de trem, voando ou de camelo
Você me protege do Sol, me dá muitas flores e tal
É tão linda que dá dó de quem não te apreciou
Eu vou cuidar de você, vou te dar amor e te proteger
Vou espalhar suas sementes e te desejar bem pra sempre.
Eu posso ser ignorante, só mais um plebeu sem cobres
Mas eu reconheço o fato de que tenho muita sorte
De ter os amigos que mereço porque o amor não tem preço.
Minha querida amiga árvore, nem sei como eu te agradeço.