AZUL

Rebelaram-se todas as palavras

Como água cristalina a escorrer entre caminhos

Margeando noites e luares,

Margeando olhares

Calaram-se todas as palavras,

O som era puro murmurinho

Preces balbuciadas em manhãs orvalhadas,

Contornando vales e mares

Contornando males

Murmúrio de águas amargas

E todos os poemas foram abortados

Do ventre fértil outrora

Estéril de versos se fez

Correndo em vielas soturnas

À espreita, fetos de versos mal acabados

Rabiscos de sonho pueril

esquivam-se dos açoites da noite

Sua voz estrangulada,

Cantava hinos de louvor

Sua mão ensanguentada

Tocava o céu

Palato de tremores

Abóbada de sabores

Embargos....

Calaram-se todas as palavras.

Sandra Vilela (Eternellement)
Enviado por Sandra Vilela (Eternellement) em 19/02/2014
Código do texto: T4697468
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