O DOCE AMARGO
Meu coração e lago gelado
E fogo que arde esgotado
E alegre canto silenciado
E bloco algido errante
Da solidão no oceano infame
Por ondas de treva assolado
E tormenta voraz e monótona
É a tristeza da mais triste nota
E o caos de estar acorrentado
São pedras vertidas em lágrimas
Da Comédia as impias páginas
E a liberdade do condenado
E o triste sopro da lira
E o doce amargo da vida
Sozinho nas mais de mil cores
E silêncio em brado valente
E o forte que morre contente
E velejar em rio de amores
Meu coração e pelago raso
Do poeta e ele o embaraço
Da vida o sopro de morte
O vôo que não sai do lugar
E feliz que põe-se a chorar
E o azar incrustado na sorte