O CAMPO DOS DESESPEROS

IV

O caminho se não vae fácil mostrar

Veras corpos em pedra chorar

Lagrimas de violenta agonia

Pelo campo dos desesperos deve ir

E alem o Dorsarimam subir

-Monte que ao longe havia

Estas são do submundo as terras

Que nem homem nem sombra se apieda

Dos eternos condenados imundos

No mundo viveram desregrados

E certo nasceram sepultados

Jogados ao pelago profundo

Para alem de Dorsariman o monte

Um mar veras sem horizonte

Pantalassa seu nome hás dado

A sorte lhe cobre as vagas

Entre um mundo e outro e a amarra

Que Deus nos primórdios hás ditado

Dito isto para o campo avançam

Primeiro Dante Humanitas acompanha

Pisam terra escura insalubre

Pelo sangue de gerações regada

Tantos mortos-vivos viam na estrada

Que ao lembrar ate a mente se confunde

Vozes de almas perdidas

Sepultadas no gelo e na neblina

Por todos os tempos amaldiçoadas

Loucos batidos ao suplicio

Tão grande a dor do sacrifício

Nuas podres mortificadas

Lagrimas de sangue e fel

Vertem olhando ao céu

Lamentando as pobres desvairadas

Confusas na sombra espessa

Picadas por hediondas vespas

A elas o repasto davam

A frente cabeças decepadas

Mulheres crianças estupradas

Campo vermelho de batalha

Sucumbidos ao sofrimento perene

Os corpos não tem pela frente

Nem covas sepulcros mortalhas

Os mortos aos ares apodrecem

Devorados entre sangue e fezes

Por outros martirizados

Os vivos como sombras confusas

Escondem-se em covas escuras

Por tanto horror afugentados

Nestas terras de sombras ao relento

Vem do fogo do gelo o sofrimento

Fantasmas pelos ares voam

Feras pelo espaço ululando

Lanças ao leu vibrando

Presas que carnes devoram