O HABITANTE DO SUBMUNDO

Sangue é de minha pena oriundo

Sua voz em pesar profundo

Geme pela boca entreaberta

O canto no contemplar da tristeza

Exala em tormento impureza

Tangindo formas incertas

São mortalhas que tenho as mãos

Registrando em sua escuridão

A lágrima vertida incessante

Estirado num túmulo me vejo

É com olhos mortos que escrevo

É com dedos trêmulos agonizantes

Do submundo o tétrico habitante

Devorado em dor lancinante

Se banha em rio sombrio

Vestindo hediondos farrapos

Carpindo em silêncio seus traços

Congelado em dor e frio

Acorrentado em pedra erma

Tenho fera que sempre adentra

Meu seio com garras de fogo

Mas eu sei que a carne cresce

E que a fera novamente aparece

E começa seu banquete de novo