A rainha no auge do prazer
mata o zangão.
Seu prazer supremo custa a 
vida do macho

Lá fora o dia nasce sangrando
recobrindo o horizonte ainda 
bêbado de saudades da lua.

Todos os orvalhos são lágrimas
de sofrimento das manhãs 
vividas e sem sonhos

Todas as gotas guardam segredos.
Um veneno.
Um perfume.
Um mínimo de essência transcendental.

Novamente, o sol despe-se de seu fervor.
Alaranja-se e curvar-se para
cair no abismo da noite.

E na noite, as mortes e os prazes
são lícitos.
Na penumbra o punhal é lírico.
A violência é um ritual de passagem.

Retas não ligam dois pontos.
Atalhos não diminuem caminhos.
Signos não expressam a mensagem.

Em seus olhos há cravadas 
mil interjeições.
Seu espanto está pintado
no surrealismo do cenário.

Fingir não ter medo.
Não é ser corajoso.
Não conhecer o limite.
Não é ser bravo.
Somos sobreviventes 
numa nave desgovernada.
Há destruição em toda parte.

Até no ato de amor
ou afeto
permanece a destruição.
Hecatombes microscópicas.
 A afetar, contaminar e
alterar...
expandir o abstrato no concreto.

É o que fazem os corpos que se amam.
E as almas que se perdem.
Esvaem-se na matéria etérea
e fundamental.




GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 10/04/2014
Código do texto: T4764187
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