Revolução da alma
Águida Hettwer

Desperto em manhã condensada de azul celeste,
Pássaros sobrevoam a orla,
Deixando rastros no céu,
Pegadas profundas na areia.

O mar em fúria, arremessa contra as pedras,
Num bailar efêmero,
Minh´alma vaga nesse universo sem dono,
Buscando o grito de liberdade que ecoa ao longe.

Rasgo os véus do acaso,
Em idéias estabelecidas por mim,
Recalque de uma sociedade que aboli,
Protesto em alto e bom tom,

Na lápide que construí,
Inscrições retratam meus anseios,
Esmago com os pés meus medos,
Afugentando repreensões que outrora imposta.

Quebraram-se as algemas,
Sob o olhar da águia sobrevoei aos céus,
No apetite voraz da destruição,
Saciar do horror, em dosagens de amor.

Reconstitui pedra sobre pedra,
Em povoados distantes,
Onde outrora, solo de derramamento de sangue,
O pranto encontrou consolo,

Unificação de uma raça,
De cores rubras, o preconceito fugiu de medo,
Retido em casulo escuro, cobre a cabeça,
Onde a própria mente é a sentença.

Dias e noites sem fim,
O remorso deixou destroços,
A ganância deu um cabo de si,
Suicidando-se em penhasco a baixo.

Sangue de inocentes restituído,
Criam asas de anjos e habitam em nosso meio,
Revolução da alma em sentimentos de alvura pura,
O amor atingiu o alvo, adentrando no peito fazendo morada eterna.


08.05.2007