Alma torta

Entre os olhos fitados

O doce contato furioso expressado,

pela ausência da submissão,

do silêncio moribundo, passivo

As palavras se misturam

As línguas serpenteiam entrelaçadas

pela arrepiada pele grudada,

de suor, de linguagem muda

A fumaça turva vai subindo

As raízes brotam do asfalto quente

Germina-se o novo nessa dança

e deste novo, dentes são criados

De novo o banquete

não bate na barriga com fartura

E as carnes desordenam, violentam

Tempo nu desnudando necessidades, falsas caridades

Almas cinzas buscam salvação

Trafegam entre linhas retas, previsíveis

Seguros dentro de um aquário navegam

Vida forçada como numa trama das nove

Paixões escondidas, racionalismo do umbigo

O paraíso é prometido

e distantes do pecado

Bens de consumo são glorificados

Corpos atrelados apelam, rasgam cicatrizes

Movimentos que arrebentam

Mangas que se arregaçam

Brucutus que atropelam vozes subnutridas, versivas

Gota que pinga no teto

Deserto de signos

Vai-e-vem, vem-e-vai, fode, divide, classifica

Seres estagnados não regam afetos

O lado é fruto da contradição

E no seio do teu ser,

Toda torta a alma queima,

Entorta um pedacinho de mundo

Terra que geme no manto da noite

Natureza que goza sobrevivência.

Baco Trôpi Renton
Enviado por Baco Trôpi Renton em 01/10/2014
Código do texto: T4983508
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