UM EMBATE DE FÁBULA
Vejo candente em brasas
Um horizonte de areias macabras
Com o espectro de vermelho rubror
Em quente e nostálgico poente
Onde os raios do sol ardente
Espalham seu impiedoso ardor
Não ha ninguém neste recinto
Em um sepulcro de areia me sinto
Quando piso do chão a secura
Os ecos espreitam-me o passo
Tomando-me das hienas o repasto
No terror da noite futura
E tudo vae caindo em esquecimento
Como luz pálida esmorecendo
Sucumbida no vale da solidão
São as terras que piso insípidas
Ondeada de horrores, maligna
As terras de meu tenebroso coração
O sol quando recolhe seus tormentos
Deixa-me nu na plaga tremendo
No frio noturno do deserto
Aqui não me escondo de ninguém
Segredos essas dunas não contém
Nem piedade dos perdidos, decerto
E no crepúsculo que a noite se erguia
Arrastadas vozes sombrias
Arrebatam-me nas areias de gelo
São os fantamas de eras passadas
Residentes das tortuosas estradas
Presente aqui dentro em meu peito
Vejo alem das dunas aos embalos
Espadas e escudos que exalam
O brilho pálido do luar
Armaduras expertas em batalhas
Um exercito pelas areias grisalhas
Avançando - ate o meu passo alcançar
Nesta guerra que travo em minh'alma
Em que o choque de lanças e espadas
É o perpétuo martírio em que vivo
Grande é o coração que suporta
Dois exércitos de forcas opostas
Em embate de fábula decisivo...