Sorrisos Intactos

Virando esquinas sem ruas

Pesa o silêncio alto

Olhando até onde

Alcançam as páginas

De um livro antigo

Quando á noite não têm remédios,

Tendo o dia perdido a fórmula

De um novo amanhecer

Entre cores e risos

Turva enredos de um mundo baleado pelo tédio

Ou somas lançadas á acordes tristes

E assim desabam contratempos

Sonhar muitas vezes saí caro

Mas o poeta não culpa os sonhos

Pelas cenas mal vividas ou entregues ao nunca.

Porque nas ruas sem esquinas

Permanece a matéria do tempo

E de quando em quando

As manhãs trazem consigo

Sentimentos imutáveis

No abrigo do dia, entre os sorrisos no retrato

Conclamando o tempo rasgado,

enterrado, mas pra sempre vivo

Sorrisos Intactos

Jane Krist