Inusitado sonho

Fui em busca de nada

Estava cansada de tudo

Não conhecia a estrada

Tudo parecia absurdo

Hoje escrevo a história

De um dia que não foi

Uma novela surreal

Sinto como se eu fosse

Um desenho borrado

Na folha branca do caderno

Pela borracha da vida apagado

O último gole do vinho

Que ninguém ainda bebeu

O nada do saciado

Que de tudo provou

E mesmo assim não viveu

Quando o sol vai embora

Fica o raio que se perdeu

As gotas da chuva que caiu

No imenso vazio da manhã

Aquela vontade morta

Que ficou presa no olhar

Do bêbado que não bebeu

As flores do campo que não recebi

O cheiro do dia que imaginei

As frases que eu queria ouvir

Antes do adeus que não pronunciei

Eu era um imenso e gigantesco nada

Diante do insignificante tudo que imaginei

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 29/11/2014
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