Abelha estroboscópica nuclear do século XII

Traga-me o pólen do sonho

que desprende, de repente,

dessa colmeia plebeia

a ideia abelha centelha da imaginação.

E, na torrente de gente-inseto,

mova-se o projeto operário, fissão

nuclear do átomo da polinização,

que gera a energia da via aérea férrea

direto à térrea estação ferrão

onde se diz não à religião

e à cisma antipapal de Clemente de Avinhão.

E então, Deus, esse ex-isto de que desisto,

e a inspiração tradicional, vela de nau usual,

que não singra mares mais

do que os normais navios pelos quais

quaisquer Cabrais fizeram navegação,

vêm sido vencidos pela ilusão de ótica,

utópica luz estroboscópica

do voo solo ao sol e da nuclear explosão.

Pois, se isso tudo some se se consome o mel da imaginação,

dê a razão lugar a um mar enxame que derrame

o néctar fecundo em novo mundo,

que, diante de antes, é pura criação.