Recomeço
Porque todo recomeço
Conduz a um novo “refinal”.
Na insanidade dos abraços,
Os laços e os compassos
Circulam todos os mundos
Menos aquele em que vivemos.
Por isso morremos.
Porque todos os porquês,
São assim a evidência
De uma curta convivência
Que morre ao fechar os olhos.
Porque tantos porquês?
Não quero fechar os olhos,
E por isso as lágrimas são
Assim tão azedas, abundantes.
Porque fecha os olhos,
Porque tantos olhos?
Cada vida que morremos,
Os sonhos que acordamos,
A morte que brota a grama,
Tudo, tudo é assim tão neutro.
Jovial, sereno, estúpido.
Tantas flores, tantas mantas,
Uma só cama e nenhum nó
Entre nós, agora a sós
Neste inútil recomeço.