LEXICÓGRAFO DA SILVA, O PAI DO BURRO.
LEXICÓGRAFO DA SILVA, O PAI DO BURRO!
Eu acho que sou uma águia.
Voando no céu do condor.
A praça lá embaixo é do povo!
Onde o homem cava o metrô.
Leva o trem para ambos os lados.
Outro lado da curva da dor.
Mexe tanto com a minha cabeça.
Faz doer e crescer meu rancor.
Põe abaixo reliquias e a casa.
Que trançou a raiz da figueira.
Modifica bucólica paisagem.
E a Serra da Mantiqueira.
Talha a mão e o pé do peão.
Mata o velho o cão e a bela.
Desabando barrancos e rios.
Destruindo o cio da cadela.
Vou celar e partir com meu burro
Apear numa nova trincheira.
E morar onde a mão não cavoca.
Não morrer no buraco da asneira.
Lexicógrafo da Silva, meu nome.
Pois meu pai assim o grafou.
E feriu minhas pobres orelhas.
Minha alma tão pura manchou.
Colocou-me viseiras, arreios.
Posso ve-la a frente e fingir.
Passarinho trinando seu canto.
Que indica o caminho a seguir.
Castro Alves poeta dos povos.
Para o mundo tão forte bradou!
A praça é do povo!
Com o céu é do condor!
Meu nome é Lexicógrafo da Silva...
E o burro, meu louvor!