LEXICÓGRAFO DA SILVA, O PAI DO BURRO.

LEXICÓGRAFO DA SILVA, O PAI DO BURRO!

Eu acho que sou uma águia.

Voando no céu do condor.

A praça lá embaixo é do povo!

Onde o homem cava o metrô.

Leva o trem para ambos os lados.

Outro lado da curva da dor.

Mexe tanto com a minha cabeça.

Faz doer e crescer meu rancor.

Põe abaixo reliquias e a casa.

Que trançou a raiz da figueira.

Modifica bucólica paisagem.

E a Serra da Mantiqueira.

Talha a mão e o pé do peão.

Mata o velho o cão e a bela.

Desabando barrancos e rios.

Destruindo o cio da cadela.

Vou celar e partir com meu burro

Apear numa nova trincheira.

E morar onde a mão não cavoca.

Não morrer no buraco da asneira.

Lexicógrafo da Silva, meu nome.

Pois meu pai assim o grafou.

E feriu minhas pobres orelhas.

Minha alma tão pura manchou.

Colocou-me viseiras, arreios.

Posso ve-la a frente e fingir.

Passarinho trinando seu canto.

Que indica o caminho a seguir.

Castro Alves poeta dos povos.

Para o mundo tão forte bradou!

A praça é do povo!

Com o céu é do condor!

Meu nome é Lexicógrafo da Silva...

E o burro, meu louvor!

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 11/06/2007
Reeditado em 14/07/2011
Código do texto: T522836