No intervalo desse filme...

...quero ver se volto a sair

para comer uma pizza com a família.

A dengue não mata,

o que mata é o abandono.

Deslizamentos e desmoronamentos não matam,

o que mata é a falta de proteção,

de contenção.

Violência não mata,

o que mata é a necessidade de roubar

que tem o cidadão

e sua inspiração vem de cima,

em pleno clima corrosivo da corrupção,

mas esse filme é longo,

a sala de projeção muito escura,

então a pizza vai ficar para depois,

vamos manter o feijão com arroz e ovo,

que depois eu resolvo isso.

Vamos de uma boa macarronada de nada,

de uma feijoada imaginada,

de limonada, sem açúcar,

de coraçõezinhos no espeto,

mas de que jeito,

se ninguém tem mais coração?

No intervalo, é hilário,

como o frequentador consegue se divertir.

Um filme sem graça,

onde o bandido fuzila o mocinho,

onde a mocinha se deita só por dinheiro

e os homens de honra,

só mantêm o paletó e a gravata,

para tentar manter a boa impressão.

Onde o bicho papão come a merenda

e quem a roupa não remenda,

ainda é acusado

de ter um comportamento imoral.

Moral, imoral, amoral, se tornaram sinônimos.

Ai, ai, ai,

no próximo intervalo desse filme,

só vou querer que ele termine.