Alvorada Vermelha

Debaixo de árvores solitárias

contando formigas no chão,

tentando resgatar sonhos perdidos,

quando tudo parece tão louco,

você dança em ruas sem músicas,

você declama poesias sem letras,

você toca violões sem acordes,

você pixa muros sem sprays...

Debaixo de uma alvorada vermelha,

quando o baralho me dá as cartas certas,

tentando vencer a sorte nesse jogo de azar,

quando tudo parece tão inflamável,

você entra em guerras sem combates,

você esmurra inimigos invisíveis,

você incendeia geleiras do Alaska,

você grita palavras surdas ao vento...

Debaixo de uma chuva ácida,

buscando horizontes límpidos,

tentando ficar de pé em piso escorregadio,

quando tudo parece fora de ordem,

você marcha sem soldados à vista,

você pula obstáculos sem gravidade,

você agita bandeiras sem símbolos,

você vive seus dias num cemitério de sentimentos...

E você nunca esquecerá,

e você nunca se perdoará,

e você nunca compreenderá,

esse são os dias do fim de um início...