CÂNTICO

O silêncio sibila qual tiro na sala,

a solidão dá asa às cobras dos sonhos,

tambores nas calhas, seus dedos de chumbo

gemem feito vermes no bordão das harpas.

A palavra tem vida e dá vida as pedras,

papéis manuscritos, um cenário avesso,

tecido em nuvens no rumor da chuva

que nutrem o verso úmido e o frio das facas.

Imagem, vertigem

idéia em movimento,

palavra acesa

e o portão sem trincos...

Eu e a poesia num visor complexo,

eu e o silêncio antecedendo o salto,

eu e a palavra que deforma a fala

diante do espelho da visão dos magos.

Tenho a aquarela em fogos de artifício

a simular na alma a morte das estrelas,

o coração das rocha, mas uma leveza,

vôo além do espaço e quiçá, mais alto.

Imagem vertigem

idéia em movimento,

palavra acesa

e o portão sem trincos...

É preciso, às vezes, construir

como se esculpisse no invisível

imagens de fumaça

que atém na vertigem

a ideia pagã.

Há uma fonte de luz

nos delírios febris,

nas palavras tropéis,

abrindo túneis nos sonhos.

Delmo Biuford
Enviado por Delmo Biuford em 13/06/2007
Código do texto: T525848