Uma certa paz

Assim na terra como no céu,

o desejo de uma paz profunda.

Uma paz que teça manhãs

com o cheiro do café quentinho,

do pão milagre das mãos dos homens e de Deus.

Uma paz de um bouquê sorrindo

nas mãos de quem vem vindo

e senta à mesa.

Uma paz que desenrole todas as angústias

e as estenda num varal ao sol

para evaporar as incertezas.

Uma certa paz que reconheça-se imperfeita,

mas aceita na alegria e na dor.

No calor do fogo ou no frio,

preenchendo os cômodos vazios

sendo a própria manta do amor.

Ah, essa paz que vem dos longes,

das alturas, tão pura como um lírio,

que venha ao nosso reino como um sino

a repicar no coração,

na esperança de que não se viva em branco,

que cada dia seja um canto

para que esse sol não seja em vão.