Metamórfica solidão

Num canto a espreita escura sombra

Lágrimas a caminho escorregam pelos poros

Pensamentos melancólicos vem à tona

E perdida figura se espalha pelos cômodos

Ouve uma música bem distante do lugar

Erguer o corpo e freneticamente dança

Sem parar de dançar procura o som

Envolve-se nele como partícula viva

Agora canta e dança ao sabor do vento

Seu corpo já nem lhe pertence mais

Agora seu corpo já faz parte do tempo

Seu físico miúdo funde-se com o ar

Num gesto obsceno e louco rasga as vestes

Rotas vestes que de tanto esperar

Já nem cabem mais no quadro exposto

Tudo agora é uma única estrofe

Finalmente foi tragada como queria

Feliz descansa hoje sem mais pudores

A figura estranha e só virou poesia.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 21/08/2015
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