Sorte, azar, destino ou acaso?
Não devemos nunca culpar a chuva
pelas tragédias provocadas.
São anunciadas tais fatalidades
e de nossa inteira responsabilidade.
Culpar o destino pelas enfermidades,
se somos nós quem provocamos os excessos
e os abscessos,
são frutos da nossa irresponsabilidade.
Culpar o sol pelo calor excessivo,
quando somos abusivos, nocivos
e evasivos.
Somos responsáveis pelos nossos atos
e não apenas Pilatos
o responsável pela crucificação.
Tudo é fruto da nossa imaginação
e ela sempre nos dá e nos dará
a mais perfeita impressão
daquilo que a gente quer acreditar.
Eu queria ser sábio,
mas sou simplesmente um enxerido,
metido a sabido,
porém procuro trazer comigo
a certeza ou quase convicção
de saber ser um bom amigo,
mas se eu não conseguir sê-lo,
isso também não será culpa de ninguém.
A sorte é uma coincidência feliz,
enquanto que o azar,
ah, esse nem tanto.
Não ponhamos a saudade
na conta da morte.
Apenas nos perguntemos:
quando vivo ou viva
eu fi-lo ou fi-la feliz?
Nossos narizes são nossos,
mas não para todos os olfatos.
Nossos olhos são nossos,
mas não para todas as matizes.
Somos felizes? Infelizes?
Observamos os erros dos outros,
mas do nosso posto, do lado oposto,
nossos binóculos não têm
tanto poder de alcance e quando descobrirmos
os nossos verdadeiros "eus",
não deveremos guardá-los só para nós.
Muitos tentam encontrar essa receita perfeita,
portanto se não pretendermos
uma exclusiva colheita,
é preferível que divulguemos essa descoberta,
que é quase uma utopia.
A lua nasceu nua
e fez das nuvens o seu vestido.
Pode me chamar de amigo,
mas lembre-se sempre
que esse adjetivo
possui várias conotações
e dai-me, meu Pai, por favor,
humildade bastante para reconhecer meus erros
e sabedoria suficiente para repará-los.
O polvo tem vários tentáculos,
enquanto que nós possuímos apenas dois braços,
o que nos torna inferiores,
porém, cadê humildade para reconhecer?
Mas podemos surpreender
multiplicando os abraços,
sabiam?