Perigo real e iminente
assim mesmo estou contente,
com vontade de correr na chuva
e de roubar uvas da sua boca.
Que paixão mais louca.
Você é brasa, mora?
Que expressão mais antiga,
como se fosse uma revelação
de uma outra vida.
Foi ontem que lhe conheci,
mas que paradoxo, meio ortodoxo,
que chego a me perguntar:
foi mesmo ontem
ou anteontem?
Quando e quem mandou?
Bem defronte dos seus olhos
estão os meus
e é só fixar o olhar
que você os verá.
Bem no âmago do seu beijo
está o meu desejo
e no interior da sua boca
as uvas que eu pretendo roubar.
Mas se eu não sou ladrão
e nem tenho a intenção de sê-lo,
se eu roubar vou ter que devolvê-las.
Nada mal, pois assim
de uma forma casual,
mas provocada,
para devolvê-las,
vou-ter-que-voltar-a-vê-la.
Que bom!