FUGINDO DOS DEUSES DO OLIMPO

FUGINDO DOS DEUSES DO OLIMPO

I

De Poseidon, deus do mar,

Com sua força titânica

E barba imensa,

No seu castelo portentoso

No “pélago profundo”,

Com seu tridente que provoca

Tremores e terremotos

E ainda, faz água do solo brotar,

Sempre no seu golfinho montado,

No seu reinado de águas marinhas

Depois de pelejar pela vida, dele fugi.

II

Do Mundo Inferior,

Onde campeia a atrocidade,

Fugi à pressa do deus Hades,

E do Rio Flegetonte –

Cuja bocarra rubra, despejava

Águas de fogo,

Em gigantescas labaredas,

Que assomavam à minha frente.

III

No Lete, a investida foi cruel,

Meus olhos se turvaram no véu

Dos delírios de horrores!...

É que, das névoas da inconsciência,

Vi surgir a desalmada

Perséfone, que queria a todo custo,

Que mais água eu bebesse,

Insaciada que estava

Da minha perda de memória,

Do terrível esquecimento

Que se me acometia,

E da própria identidade!

IV

No dilema em que me encontrava,

Para aumentar minha aflição,

Eis que de repente chegava

O deus Ares, e ornado veio

Com seus apetrechos de guerra.

Não lhe dei tempo de ação.

Peguei do Pégaso Rompinete,

Fugi do Tártaro,

E galopando fui pelos píncaros,

Montanhas, cordilheiras,

Desfiladeiros, precipícios e cachoeiras

Espavorido, fugindo ao acosso

De repteis descomunais,

De seres disformes, infernais,

Aos quais, Gaia alimentava,

E amamentava no seu seio,

Fazendo dormir no seu regaço --

Outras feras, outros monstros milenares,

Habitantes do abismal fosso!

V

Crescia em minha face a ruga,

Pois sabia que o fim da minha fuga,

Estava nas mãos do onipotente Zeus,

Do Olimpo -- soberano deus

Que, inclemente e trovejante,

Qual invencível atraente,

Detinha as rédeas do poder,

E vencê-lo,

Não era pra qualquer mortal.

VI

Ele, cujos raios, trovões

E tempestades obedeciam,

E os elementos da natureza

Ante sua presença estremeciam,

Manobrava ao seu dispor –

Riqueza, sabedoria, poderio,

E o que mais lhe convinha...

Dispondo até da vida

E do destino dos mortais.

VII

Como a paz que tanto

Eu almejava, lhe propor?

Tamanha a surpresa foi minha,

Quando descendo do seu suntuoso

Castelo no Olimpo, Zeus,

O soberano monarca

Dos deuses do Olimpo,

Montado no seu cavalo

De raios, imponente,

Fez trovejar e abalar

As montanhas e as potestades

As quais, cativas lhe obedeciam,

E com voz trovejante falou:

--Valoroso guerreiro Hucklino,

À tua causa, me inclino,

Dos teus feitos -- bem sei...!

Os acato!

E em honra a eles,

Há muito, um armistício te dei,

( Embora chateado que estava,

Por teres vencido na fuga,

Com preciosos ardis, os manos meus)!...

Segue. Não te guardo rancor!

Um salvo-conduto te dou!

Eis aqui, dois prêmios que te concedo:

A paz e a preservação de tua vida.

Podes ir, sem medo!

A liberdade nestas paragens olimpianas,

Só é bem quista,

A quem sabe honrá-la,

Defendendo-a com a própria vida!

Vai valoroso guerreiro!

Fizeste por merecer!

JUCKLIN CELESTINO FILHO
Enviado por JUCKLIN CELESTINO FILHO em 07/10/2015
Reeditado em 30/09/2020
Código do texto: T5407368
Classificação de conteúdo: seguro