Algures e tudo que quero ser livre ( poesia de tema polimático )

Meu passatempo o desejo, o desfiar do crochê e ser
Ficar ou permanecer e sei o que pretendo sentir-se!
E por mais louca eu estarei na fronteira sem arames
Sim, a esperar que o sofrimento é choro e machucar

De mulher é meu tecido, minha pele, um tanto negar
E este mundo me é perigoso, vacila em me remedar!
Tomo o destino as rédeas o amôr conquistado a sós
Mas padeço da alegria que lamenta, a dôr que treme

Solitária em riste, na alcantilada rocha fria, assombra
E faz temer o frio, a fome gélida que empedra almas!
Minha lágrima parece das cheias ou gota do mar anil
Entretanto sou oceano cortesão ou senda mal amada

E de bem semeio estradas, suores de medo, desarme
Mulher que sou enfeito meu senhorio travesti, solene!
Perco a fama do direito de ser e sou homem transexo
No que dentro de mim padece está a fêmea emergida

A bruxa sou eu, o feitiço meu ego, o engano será seu
O mundo te ameaçará e eu sozinha aqui declamo céu
Uma celeste insegura sustenta a redoma minha ilusão
Rezo com choradeira pela dôr, não a minha, mas você

Brincarei na alcova sombria, deserta, sem teu desejar
As luzes serão minha platéia e gelar-se será candura!
O palco de minha vida, no quarto e no mundo, sorrirá
E no riso e na penalidade dos seres encantarei paixão

No fim, estou sozinha, moída na alma, falida na carne
Perdi a emoção mais cara o saldo de uma diversidade
Cantarei com a lábia do menestrel sem sexo e valioso
Serei a mulher roída pelo templar sem sacerdotes nús

Loucura? Senilidade? O que é de meu fazer é enganar
Ilusão de artista sem palcos, caminhos, desolada flor!
Pois na causa de um desamor, o poder desaba furioso
Já não sou dona, donzela de castelos, senhoria desvio

Em algum lugar há a resposta meu templo descoberto
Um fugaz tesourar de meus favores embaça realidade
E enterro no piso da ilusão de meu casario inexistente
Esse "quê" do mistério de meus dizeres, sonhos seus...

Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 23/10/2015
Reeditado em 24/10/2015
Código do texto: T5425127
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