UM CERTO BATRÁQUIO

De tênis, sem meia, na areia da praia;

Já raia o dia (fantasia real).

Reflete no mar o solar reflexo;

Perplexo, vejo um triste animal.

É um batráquio.

Um sapo idoso, choroso, alquebrado,

Cansado da vida, vivida por nada.

Lancei-lhe um ohar, com ar de eloqüente,

Pra gente poder ter a mente ligada.

Eu e o batráquio.

Então, titubeante, eu lhe disse,

Que, embora algum desânimo sentisse,

Não estava triste e desanimado,

Como um sapo.

Ele revidou com um argumento,

Dizendo-me, através do pensamento,

Que o nosso mundo está todinho errado;

Tanto pro homem, quanto pro sapo.

Ficamos calados, ligados no assunto,

E juntos passamos a observar

O mar agitado, crispado, espumoso,

Tão quente e gostoso a nos convidar.

Cadê o batráquio?

Desapareceu, mas seu jeito estranho,

Tamanho impacto, de fato gerou;

Que estou sem saber, como ter certeza

De que a natureza pretende inovar,

Grande batráquio!

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 18/12/2015
Código do texto: T5484371
Classificação de conteúdo: seguro