UM CERTO BATRÁQUIO
De tênis, sem meia, na areia da praia;
Já raia o dia (fantasia real).
Reflete no mar o solar reflexo;
Perplexo, vejo um triste animal.
É um batráquio.
Um sapo idoso, choroso, alquebrado,
Cansado da vida, vivida por nada.
Lancei-lhe um ohar, com ar de eloqüente,
Pra gente poder ter a mente ligada.
Eu e o batráquio.
Então, titubeante, eu lhe disse,
Que, embora algum desânimo sentisse,
Não estava triste e desanimado,
Como um sapo.
Ele revidou com um argumento,
Dizendo-me, através do pensamento,
Que o nosso mundo está todinho errado;
Tanto pro homem, quanto pro sapo.
Ficamos calados, ligados no assunto,
E juntos passamos a observar
O mar agitado, crispado, espumoso,
Tão quente e gostoso a nos convidar.
Cadê o batráquio?
Desapareceu, mas seu jeito estranho,
Tamanho impacto, de fato gerou;
Que estou sem saber, como ter certeza
De que a natureza pretende inovar,
Grande batráquio!