Noites

As noites sempre vão... vão mais além...

desse púlpito de lembranças que é o luar.

Mas essa esfera imanta nuvens que me vêm

derramar a infância pelo meu olhar.

Estou, nessa vida, encarcerada

pelo escriba da noite em minha fronte.

Às vezes me desperto nessa fonte d’água

quando sei que nada sou

- apenas uma serva do horizonte.

O que vejo além do tempo que deforma

o rosto, o corpo, o pensamento:

vejo minha alma como simples rocha

que abraça o mar e se revela nos ventos.

(*) reedição,2010