Lágrimas

Essa noite um rio

me escorreu pelos dedos:

eu e você fomos duas minhocas,

cheias de segredos no anzol

e tinha um dentuço de couro;

olhos esbugalhados

nas órbitas celestes...

depois eu virei um rio

e você era um pneu velho

jogado na margem direita,

era pneuzão de carreta

e estava no cio...

depois você era o mar

e eu era Yemanjá

mas já, já

eu era um barquinho

de papel na enxurrada,

e você só sabia ser

o riso da criançada.