COMO UM BEM-TE-VI
A ramagem
arranha meus pés
e já não a sinto;
o vento
toca-me a pele,
mas não é como antes,
é como um afago horripilante;
os pássaros
cantam e voam
e eu já não posso lhes retribuir
mais nada;
ela fica,
e eu me vou (espero) à suspensão da vida,
com lamentos silentes
e úmidos de chuvas,
em companhia de um anjo
sem rosto.