Que vem de longe

Canto, canto,

a angústia, a fonte que desespera

aprendo a unir os fragmentos

das minhas tombadas primaveras.

Canto, canto,

ah, meus ventos sobre os trigais,

espargem meus pensamentos

para onde já não vou mais.

Canto, canto,

meus ombros são rios profundos,

trazem o murmurar de tantas tormentas,

sobre as pedras dos meus mundos.

É de canto a vida,

e tudo que nela existe.

Mas são de notas feridas

os cantos dos que resistem.

E um outro canto clareia as noites,

tecendo-as de viva esperança.

São líricas asas que vem de longe

para ensinar o que o coração não alcança.