ANGUSTIA

Pela terra, no mar, entre o ar e o céu

Vou, sedento, mortal com minha pergunta :

Porque vivo, diz-me, porque vivo ?

Porque hoje retorna a visão,

Do amanhã, a lívida brancura.

Morte, amor, vida

A cada passo estão, como uma tocha

De estranha luminosidade

Que derrama sua luz por meu peito.

E a pergunta que também é ferida :

Porque a morte me acena, em leito

de quietude, a minha carne envelhecida ?

A maneira de viver intensa e profunda,

É uma voz perdida no infinito.

Que não encontra voz que lhe responda.

E o meu grito não alcança, a outro grito.

Pela terra, no mar, entre o ar e o céu

Não há nada que responda ?

Nada... Nada...

Que não haverá consôlo,

Repito sem cessar. E na alvorada

surge uma luz febril, que de algum modo

Levanta a luz de minha existência.

Porque encontrar solução para tudo ?

Se melhor é a nostalgia, a angustia !

06/07/07