RIO UTÓPICO

RIO UTÓPICO
Miguel Carqueija

Pego no meu transformóvel
e vôo sobre a cidade:
é uma visão de bonança,
plena de felicidade.

Ruas limpas, povo alegre,
o crime foi extirpado;
a esperança está em todos
e o prefeito é muito amado.

O trânsito é maravilha:
tudo flui rapidamente.
A comida é barata,
para o povo não se mente.

A televisão educa,
as obras se completaram,
as escolas funcionam
e as enchentes acabaram.


Esse é um mundo paralelo,
bem philipikadiano;
é um Rio que deu certo
que o nosso entrou pelo cano.


(Rio de Janeiro, 23 de abril de 1988)


imagem pixbay (não é o Rio de Janeiro, evidentemente)
NOTA: embora o poema em questão seja antigo, nada perdeu de sua atualidade; por isso quero dedicá-lo de maneira horripilante ao atual prefeito do Rio, Sr. Eduardo Paes.