POEMA PROFECIA

[No asfalto, negro de fumo

Paira a bruma

Sua silhueta se insinua

Montada num leão da Birmânia

Com espora e cela

A bocadela toda

Na cor de berinjela

Escancarada

Rebordas crispadas

Dispara rajadas de gafanhotos metálicos

Eia

Vejam

É a mulher-do-últimos-dias

Quantas línguas podem anunciá-la

Quanto história ainda cabe nessa cutis

Ela cavalga

Lúbrica

Altiva

Na noite caliginosa

Sintam

Está chovendo

Folhas de flandres

Ligação metálica de velhos odres

Com seu dourado que pouco reluz

E não cabe aos cofres

E ela abre a laringe e grita

E todos se transportam

E ela declara o carnaval

O último e o primeiro

O carnaval do milênio]

Luiz Eduardo Ferreira
Enviado por Luiz Eduardo Ferreira em 25/06/2016
Reeditado em 27/08/2017
Código do texto: T5677879
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