POEMA PROFECIA
[No asfalto, negro de fumo
Paira a bruma
Sua silhueta se insinua
Montada num leão da Birmânia
Com espora e cela
A bocadela toda
Na cor de berinjela
Escancarada
Rebordas crispadas
Dispara rajadas de gafanhotos metálicos
Eia
Vejam
É a mulher-do-últimos-dias
Quantas línguas podem anunciá-la
Quanto história ainda cabe nessa cutis
Ela cavalga
Lúbrica
Altiva
Na noite caliginosa
Sintam
Está chovendo
Folhas de flandres
Ligação metálica de velhos odres
Com seu dourado que pouco reluz
E não cabe aos cofres
E ela abre a laringe e grita
E todos se transportam
E ela declara o carnaval
O último e o primeiro
O carnaval do milênio]